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23/02/2014

Brasil, 2013: Um homossexual é brutalmente assassinado a cada 28 horas, diz relatório do GGB

A mais antiga organização não-governamental (ONG) a militar pelos direitos civis e humanos de cidadãs e cidadãos homossexuais ou LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) no Brasil, o Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgou no último dia 12 de fevereiro o Relatório de Assassinatos de Homossexuais no Brasil, referente ao ano de 2013. De acordo com o documento oficial, 312 LGBTs foram assassinados no ano passado, o que significa uma morte a cada 28 horas. Os números representam um decréscimo de 7,7% na comparação com o ano anterior, quando houve 338 mortes, mas um aumento de 14,7% na comparação com o primeiro ano do governo da presidente Dilma Rousseff (PT), quando 266 homossexuais foram vítimas fatais das violências homofóbicas, lesbofóbicas e transfóbicas em todo o País.


Reprodução da Internet

Os gays lideram os “homocídios”: 186 (59%), seguidos de 108 travestis e transexuais (35%), 14 lésbicas (4%), dois bissexuais (1%) e dois heterossexuais. O estudo destaca a inclusão nesta lista de 10 suicidas gays, como aconteceu com um gay de 16 anos, de São Luís (MA), que se enforcou dentro do apartamento “por que seus pais não aceitavam sua condição homossexual”.

De acordo com o GGB, o Brasil continua sendo o país com o maior número de assassinatos por motivação homofóbica no mundo. O levantamento informa que nos Estados Unidos (EUA) foram registrados 16 assassinatos de travestis e transexuais em 2013, enquanto no Brasil, 108 foram brutal e covardemente executadas. “O risco, portanto, de uma travesti ou transexual ser assassinado no Brasil é 1.280 vezes maior do que nos EUA”, afirma o documento.
POR ESTADO - Segundo o estudo do GGB com a colaborção de ONGs de todas as regiões brasileiras, o Estado de Pernambuco segue “há décadas” como o Estado onde mais LGBT são assassinados, com 34 vítimas, em 2013, para uma população de 9 milhões de habitantes. O Estado de São Paulo, aparece na vice-liderança, com 29 mortes para cada 43 milhões de habitantes. Assim, o risco de um gay pernambucano ser assassinado é quatro vezes superior ao risco sofrido por LGBT paulistas.

Roraima é o Estado que aparece na terceira posição do “ranking” com três homicídios. É o Estado mais perigoso para homossexuais, em termos relativos, com um índice de 6,15 assassinatos para cada um milhão de habitantes, considerando que para toda a população brasileira, o índice é 1,55 vítimas LGBT para cada um milhão de brasileiros. O Estado de Mato Grosso ocupa o segundo lugar em periculosidade: seus 15 assassinatos registrados em 2013 representam 4,71 crimes por milhão de habitantes; seguido do Rio Grande do Norte, Estado onde ocorreram 15 assassinatos de LGBT no ano passado, com índice de 4,45 crimes homofóbicos fatais para cada um milhão de habitantes.

Por outro lado, os Estados onde, em 2013, foram registraram os menores quantitativos de homicídios de LGBT foram, pela ordem, o Acre – aparentemente nenhuma morte nos últimos três anos; seguido de Espirito Santo, com dois registros, representando 0,52 mortes para cada um milhão de habitantes; Estado do Pará, com 0,63; São Paulo, com 0,66; Rio Grande do Sul, com 1,16; Minas Gerais, com 1,21 e o Rio de Janeiro, com 1,22 mortes para cada um milhão de habitantes.

IDADE E RAÇA - Segundo o relatório do GGB, em 2013 o maior número de assassinatos de LGBT concentrou-se no segmento de LGBTs com idades entre 20 e 40 anos (55% dos casos). O GGB destaca ainda que 7% dos homossexuais tinham menos de 18 anos quando foram assassinados. A vítima fatal mais jovem foi uma travesti com apenas 13 anos, morta em Macaíbas (RN).
No quesito “raça”, as estatísticas do GGB apontam um número maior de vítimas fatais das violências homofóbicas entre pardos e pretos, totalizando 53% para 47% de vítimas da raça branca. Quando separados os dados de pardos e pretos, estes representam o menor grupo vítima da homofobia letal, 3%, estando ausentes no segmento das lésbicas.

BRUTALIDADE - Quanto à causa das mortes (causa mortis), 100 assassinatos foram praticados com o uso de armas brancas (faca, punhal, canivete, foice, machado, tesoura); 93 com o uso de armas de fogo; 44, por espancamentos (pauladas, pedradas, marretadas); 31, por asfixia e 4 vítimas foram queimadas. Constam ainda casos por afogamentos, atropelamentos, enforcamentos, degolamentos, empalamentos, violência sexual e tortura. O relatório do GGB revela ainda que 15 vítimas fatais foram mortalmente violentadas com mais de uma dezena de golpes ou de projéteis de armas de fogo.

O estudo do GGB exemplifica o quadro de brutalidade rememorando os casos de Emanuel Bernardo dos Santos, de Serra Redonda (PB), 65 anos, professor e ex-vereador, morto com 106 facadas e com cabo de foice introduzido no ânus; Eliwellton da Silva Lessa, negro, 22 anos, de São Gonçalo (RJ), após ter sido xingada de “viado”, o motorista passou três vezes com o carro sobre o corpo da vítima; a travesti Thalia, 31 anos, de Guarulhos (SP), morta com 20 tesouradas e que teve ainda seu pênis cortado; o funcionário público Everaldo Gioli de Andrade, 37 anos, morto num terreno baldio em Cuiabá (MT), que teve seu carro queimado e seu corpo foi encontrado amarrado, com visíveis sinais de tortura, com queimaduras feitas com pontas de cigarro e com mais de 20 golpes de facas e buracos de balas pelo corpo.


Reprodução - Site Bahia Econômica
Luiz Mott, fundador do GGB.
Para o GGB, há quatro soluções emergenciais para a erradicação dos crimes homofóbicos: educação sexual para ensinar aos jovens e à população em geral a respeitar os direitos humanos dos homossexuais; a aprovação de leis afirmativas que garantam a cidadania plena da população LGBT, equiparando a homofobia ao crime de racismo; exigir que a Polícia e Justiça investiguem e punam com toda severidade os crimes homo/transfóbicos e, finalmente, que os próprios gays, lésbicas e pessoas trans evitem situações de risco, não levando desconhecidos para casa e acertando previamente todos os detalhes das relações sexuais. Ainda de acordo com o GGB, a certeza da impunidade e o estereótipo do gay como fraco e indefeso, estimulam a ação dos assassinos.

O antropólogo e decano do Movimento Social LGBT no Brasil, Luiz Mott, fundador do GGB, responsabiliza o governo federal pela ausência de políticas públicas para os LGBT. “99% destes “homocídios” contra LGBT têm como agravante seja a homofobia individual, quando o assassino tem mal resolvida sua própria sexualidade e quer lavar com sangue o seu desejo reprimido; seja a homofobia cultural, que pratica bullying e expulsa as travestis para as margens da sociedade onde a violência é endêmica; seja a homofobia institucional, quando o Governo não garante a segurança dos espaços frequentados pela comunidade LGBT ou como fez a presidente Dilma Rousseff, ao vetar o kit anti-homofobia, que deveria ter capacitado mais de 6 milhões de jovens para o respeito aos direitos humanos dos homossexuais”, argumentou Mott.


GOIÁS: 10 ASSASSINATOS DE HOMOSSEXUAIS EM 2013, SEGUNDO GGB
Um caso foi registrado em Jataí, no Sudoeste Goiano.

De acordo com o relatório oficial divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), dos 312 assassinatos vitimando lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) registrados no Brasil em 2013, 10 ocorreram no Estado de Goiás, a saber:

01 = ELIAS / GAY – 25 ANOS / PAULADAS / GOIÂNIA, GO
02 = G.D.G. / TRANS* – 32 ANOS / TIROS / GOIÂNIA, GO 
03 = EDSON JUNIOR GONÇALO DA SILVA / GAY / TIROS / GOIÂNIA, GO 
04 = MÁRCIA GABRIEL / LÉSBICA / FACADAS / GOIÂNIA, GO 
05 = NÃO IDENTIFICADA / TRANS* – 18 ANOS / TIROS / GOIÂNIA, GO 
06 = FERNANDO ALVARENGA DA CUNHA / GAY – 34 ANOS / FACADAS / GOIÂNIA, GO 
07 = BIANCA MANTELLI PAZINATTO / LÉSBICA – 18 ANOS / FACADAS / JATAÍ, GO
08 = NÃO IDENTIFICADA | TRANS* – 40 ANOS / FACADAS / MINAÇU, GO
09 = PALOMA / TRANS* – 24 ANOS / TIROS / GOIÂNIA, GO 
10 = VILSOMAR PEREIRA DOS SANTOS / GAY – 41 ANOS / RIALMA, GO 
[AssCom/IC, com informações do GGB.]

Para ver a íntegra do relatório do GGB referente ao ano de 2013, clique AQUI.

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